Sentimento Crônico

Cheio de prosa! Poesia, vide verso!

Textos


 
Tentando entender as mulheres 
 

     Publiquei uma crônica a respeito do Dia Internacional da Mulher que, apesar de não registrar muitos comentários explícitos, vem me trazendo bastante o que fazer por outros tipos de contato que venho recebendo. Não vou retomar o tema integral, porque a crônica está por aí para quem quiser vê-la.  Só registro que o objetivo era chamar a atenção para o fato que no Dia Internacional da Mulher, pouquíssimas pessoas, na verdade, se conscientizam do intuito do evento, desviando-se para todo e qualquer outro assunto vinculado a mulheres.


     Qualquer sociólogo, psicólogo ou antropólogo seria mais qualificado que eu para falar sobre a questão da dominação masculina sobre as mulheres.  Entretanto, arrisco eu, aqui, meus pitacos.


     Ao longo das eras, a mulher foi submetida à uma condição de inferioridade, sob as mais diversas formas e pelos pretextos mais esdrúxulos;  e isso, obviamente, é o que a cultura humana precisa repudiar.  Contudo, nesse contexto de “inferioridade”, encontra-se o tal do conceito de “sexo frágil”.  A contrapartida dessa humilhante e descabida submissão foi qualificar a mulher como um ser frágil, tíbio e que necessitaria da tutela masculina.  Reflexo dessa tutela exagerada foi conceder uma estranha e enganosa contrapartida: os homens juram adoração e entrega afetiva, conferindo mimos e agrados; pena que, junto com isso, vieram tratando as mulheres quase que como animais de estimação. Ou seja, ao longo do tempo elas receberam todo “amor e carinho”, todo tipo de “afago” possível, enquanto fossem fiéis e submissas.


     Os tempos mudaram e as mulheres vêm obtendo conquistas relevantes que, aos poucos, as vêm colocando dentro do papel de destaque que merecem e que devem ter na construção social e cultural da humanidade.  Loas a isso! 


     Explicitamente falando: a mulher não é pior que o homem.  O que algumas – a grande maioria, infelizmente – esqueceram de incorporar a seu discurso “libertador” é que o contrário também se aplica: o homem não é pior que a mulher.  São seres diferentes e complementares, bastantes como indivíduos, independente de gênero, mas cuja união e harmonia são indispensáveis para a manutenção, evolução e perpetuação da espécie.


     Há, ainda, um conceito absolutamente masculino que, por conveniência, a grande maioria das mulheres quer “preservar”, apesar de sua evidente evolução social.  No caso, falo do fato de que as mulheres se imaginam “mais especiais” que os homens e que, por isso, merecem deferência especial, carinho especial, atenção especial, enfim, “respeito especial”. A chantagem feminina é evidente, quando tacham de insensível qualquer homem que não as trate como seres divinos, especiais, de outras esferas que só caberiam no Panteão dos Deuses. É mais fácil atribuir o “defeito” ao homem, do que assumir a própria “defecção” feminina, nesse caso.


     Ora! Ou o respeito é recíproco, ou não haverá nenhum respeito verdadeiro!


     Assim, cada um há que regular seu próprio nível de conscientização com relação ao valor da mulher, como ser humano.  Se alguém imagina que uma mulher deva receber mais atenção, mais carinho, mais isso e mais aquilo, só porque é mulher, então, de contrapeso, estará trazendo aquele ranço derivado da tutela masculina, que as jurou especiais por séculos e séculos, mas para mantê-las fora dos centros do poder e do controle – sejam eles afetivos, familiares, profissionais, sociais, etc.


     As mulheres que querem ser tratadas como seres “especiais” por sua condição feminina, estão fomentando a exploração das diferenças de forma negativa.  As diferenças existem para se complementarem; e não para que um lado tire proveito do outro.


     Todo ser humano é especial, porque é um ser único no universo – também conhecido pelo “apelido” de indivíduo.  Ou será que o gênero dos indivíduos pode definir que um seja melhor que outro?  Se alguém imagina que a resposta disso é positiva, estará validando a premissa do machismo que se quer repudiar.


     Assim, quando um homem faz elegias à mulher amada, é em função do amor, e não pelo fato de ela ser mulher.  Se um filho faz homenagens à sua mãe, é em função da natural condição biológica de maternidade, e não porque ela, em si, seja mulher. Se um galanteador faz trovas à beleza feminina, é porque ele explora como pode a vaidade, e não pelo fato dela ser mulher.
Ou será que um homem não pode receber elegias de amor de uma mulher? Ou um pai não possa receber homenagens de seu filho? Ou a vaidade masculina também não é explorada como jogo de sedução por alguma mulher?  Ou seja, as motivações humanas são bilaterais e equivalentes. 

     Todo ser humano que nos seja especial por algum motivo - seja ele qual for - pode e deve ser reverenciado.  A condição de gênero, pura e simplesmente, não pode ser um fator preponderante, se o que se busca é um  tratamento respeitoso recíproco.

     Para encerrar, digo o seguinte: sou homem! A natureza feminina sempre terá algo de inalcançável para meu ponto de vista masculino.  Eu teria dons extraterrestres se dissesse que entendo completamente as mulheres. Mas a recíproca é verdadeira. Espero que, de alguma forma, elas me entendam.

OBED DE FARIA JUNIOR
Enviado por OBED DE FARIA JUNIOR em 05/03/2009
Alterado em 02/09/2009


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