Sentimento Crônico

Cheio de prosa! Poesia, vide verso!

Textos


Amor conjugal:

um sentimento em extinção!

Sou um saudosista!

Bons tempos aqueles em que amor era um sentimento que unia as pessoas pelo bem querer recíproco, convivência pacífica, cuidado mútuo e responsabilidade compartilhada.

Nos tempos atuais, há uma disputa escancarada por poder. O poder de dominar o outro. Em nome da autoafirmação egóica de "não baixar a cabeça", ninguém mais está disposto a ceder, transigir e relevar.

As pessoas estão competindo em um jogo que não faz distinção entre vencedores e derrotados. Todos são tão cheios de si que, por mais catastrófica que seja uma desavença, não há lado que deixe de se considerar vencedor. A ironia é que numa disputa onde todos vencem, na verdade, todo mundo é perdedor.

Perde-se o consenso. Perde-se o apoio recíproco. Perde-se a chance de caminhar de mãos dadas numa mesma direção.

Há uma grande ilusão cultural que dita que cada um deva ser bom em si mesmo; cada um deva ter orgulho de não admitir dependência de nada ou de ninguém; cada um deva ser um farrapo solitário, mas com um orgulho de tamanho vulto que não admite companhia.

Falar de amor é para os sábios. Entregar-se por amor é para os fracos. Viver de amor é para os deuses. Tal foi o empenho humano em desmentir os príncipes e princesas encantados e a felicidade para sempre que, enfim, o amor ficou muito seco e muito chato.

Os príncipes não existem, afinal, "homem é bobo", "nenhum homem presta" e coisas afins. As princesas não existem, afinal, toda mulher busca uma fortaleza tão machista que ao invés de valorizar a feminilidade, acaba por masculinizá-la. A felicidade para sempre não existe, afinal, não há porque assumir compromissos vitalícios se podemos trocar de par a qualquer momento. O mundo é dos "ficantes" e, qualquer um que afronte uma tal verdade, é um grande "babaca sonhador".

Grandes vivas a todos os vencedores dessa disputa estúpida. Parabéns! Agora, todos podem ostentar seus troféus de solidão auto-suficiente. Loas aos que convivem em relações cimentadas pelos interesses e regadas a amargura e ressentimento. Ao menos, preservam-se as aparências.

Nenhum prêmio de consolação é destinado a nós, os medrosos. Nós pecamos por nossa ingênua humanidade, que nos retira a coragem de amar, porque isso custa o vexame de distribuir flores a quem já vive com pedras na mão (ou com punhais escondidos, aguardando a hora certa de serem cravados nas costas).

Já cansei-me de disputas, por isso, tenho medo!Meu amor é totalmente indefeso, porque só floresce em vínculos duradouros e se atrofia com a insipidez de "só ficar". Tenho medo, porque, enquanto eu busco o amor, de outro lado só há quem busque estar mais certo e ser bem melhor. Tenho medo, porque não encontro mais ninguém que seja imperfeito como eu. 

OBED DE FARIA JUNIOR
Enviado por OBED DE FARIA JUNIOR em 22/11/2008
Alterado em 04/09/2009


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