Sentimento Crônico

Cheio de prosa! Poesia, vide verso!

Textos


Uma garrafa de vinho

Sim!  Uma garrafa de vinho!

Era esse o detalhe que me separava das palavras.

Elas estavam lá, escondidas em algum lugar.  E eu não conseguia encontrá-las.  Pensava comigo mesmo: "Onde estarão as malditas palavras!"

Pois é! Uma garrafa de vinho!

Por que este efeito etílico é tão compensador quando se inicia e tão desgraçadamente perturbador quando chega às inevitáveis conseqüências de seu fim?

Entretanto, aqui havia uma garrafa de vinho!

Imemoriais os tempos em que o vinho passou a pontuar nas mesas pelo mundo afora.  Será que, noutras épocas, outros também se embriagaram para encontrar o trajeto sinuoso e obscuro que nos leva às palavras?

Ulisses, teria passado por isso?  Camões?  Hemingway?  Pessoa? Drummond?  Não sei!  Vinícius, certamente que sim!  Talvez não, porque ele era mais dado a um uísque (vai na versão aportuguesada porque, neste estado, não me lembro da grafia original em inglês).

Pois bem!  Uma garrafa de vinho!

Agora, olhando bem, só resta a garrafa mesmo e o destino do vinho, propriamente dito, já foi o de invadir meu metabolismo.  Ele está, neste instante, provocando cada célula do meu ser a viver.

Porque será que a embriaguez nos induz a soltar a franga?  Ops!  Calma!  Não interprete mal minhas palavras.  Só quero um poema irrepreensível, um conto incomparável, uma crônica incontestável. Só isso!  Quem sabe, uma noite de orgia e prazer!  Hoje, sinceramente, viria bem a calhar.

Enfim, uma garrafa de vinho!

Uma reles e quase imperceptível diferença que, na verdade, provoca toda a diferença do mundo.

Não fosse assim, nada haveria aqui para que você notasse.

OBED DE FARIA JUNIOR
Enviado por OBED DE FARIA JUNIOR em 20/11/2008
Alterado em 04/09/2009


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