Sentimento Crônico

Cheio de prosa! Poesia, vide verso!

Textos


Buracos

Ultimamente, tenho refletido muito sobre a vida e cheguei à conclusão filosófica de que tudo se resume a uma infindável coleção de buracos. Senão, vejamos.

Todo mundo nasce do mesmíssimo jeito, no caso, atravessando um buraco. Pode ser por vias naturais ou provocadas, mas, de qualquer jeito, são buracos. Quando esta vida terrena chega ao fim, invariavelmente, também jogam nossos restos em buracos. Cova simples, vala coletiva ou, até, através do acesso ao forno crematório.

Passamos boa parte da vida com aquela sensação de vazio lá dentro, um buraco na barriga, às vezes, no peito. Depende se é medo ou angústia. Procuramos algum tipo de realização, na família, no trabalho e no amor. Família parece tudo igual, só muda de endereço. Por mais que imaginemos que nossa família, em particular, seja especial, no fundo, no fundo ninguém escapa à vala comum (que é buraco). No trabalho, a gente se rala e rala e, por mais que faça, parece que nunca sai do buraco. No mínimo, mesmo que se ganhe algum dinheiro, vivemos afundados em problemas. Quanto ao amor, o que os sonhos almejam, é que a sorte nos bafeje com saudáveis flechadas do cupido (que fazem buracos).

Quando isso acontece, é inevitável que se perca a cabeça e o sexo, enfim, sempre termina com penetrações em algum buraco.

Estamos, quase sempre, nos sentindo à beira de um precipício (que é um buracão no chão!). Procurando uma luz no fim do túnel (que é um buraco, afinal). Mas é sempre uma eterna luta pra sair do fundo do poço (que é um buraco cheio d’água). Dizem que, quando uma porta se fecha, sempre abre-se uma janela (e tudo isso são buracos nas paredes). Entretanto, quem tem telhado de vidro não joga pedra no do vizinho (porque faz um buraco e acerta nossa testa).

Sei lá! Acho que o buraco é mais embaixo! 

OBED DE FARIA JUNIOR
Enviado por OBED DE FARIA JUNIOR em 17/11/2008
Alterado em 05/09/2009


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras