Sentimento Crônico

Cheio de prosa! Poesia, vide verso!

Textos


A PROSA É ESSENCIAL

 

Longe de mim querer desmerecer a poesia, mas a prosa, definitivamente, é essencial. Arrisco dizer que constrói bons poemas quem domine com certa desenvoltura a prosa. Como toda regra, comporta exceções.  Porém, toda exceção, invariavelmente, só serve para reafirmar a própria regra.


Com efeito, a capacidade de raciocínio e articulação é expressa de maneira objetiva através da prosa.  Contudo, lidar com ela pressupõe um certo grau de domínio mínimo no trato com as palavras que ultrapassa os rasos caminhos da mera observância de ortografia.  Saber traduzir idéias pela prosa induz ao aperfeiçoamento de léxica e semântica, além de provocar a utilização de várias formas narrativas e dissertativas.


Nestes nossos tempos, onde a comunicação tende a uma simplificação exagerada, tudo se resume a gírias e grunhidos, símbolos e imagens e a palavra (elemento essencial da fala e do registro escrito) acabou ficando negligenciada. 


Quem se exercita na prática da prosa aprimora sua expressão oral, desenvolve capacidade de abstração e, certamente, estimula o raciocínio de maneira a ser mais assertivo na vida.

 

Acho que o assusta em lidar com a prosa é que ela não dá tanta margem para encobrir imperfeições como a poesia. Qualquer equívoco ou impropriedade, em poesia, é empurrada pra debaixo do tapete sob a justificativa fácil de "licença poética".


Alguém já ouviu falar em "licença proséica"?

 

Quando muito, o que se admite é alguma fala coloquial na boca de algum personagem ou, quiçá, um despojamento semântico e vocabular pontuado por expressões da linguagem oral, menos formal, por natureza.  De qualquer maneira, a utilização desses instrumentos só se contextualiza quando utilizados conscientemente – aliás, como deve ser a autêntica “licença poética”.


Enfim, a poesia é necessária para que não se perca o que há de divino em nossos corações – e eu, particularmente, não concebo viver sem ela.  A prosa, contudo, é essencial para que haja um desenvolvimento consciente das faculdades mentais que, em princípio, nos qualifica como humanos.

OBED DE FARIA JUNIOR
Enviado por OBED DE FARIA JUNIOR em 17/11/2008
Alterado em 05/09/2009


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