Meu silêncio
Sei que há muito já não falo
e tu vens e me interpelas.
O silêncio que eu exalo
deixa chagas e seqüelas.
A palavra não revoa
da gaiola que há na boca;
não é má e não é boa;
não é muita e não é pouca.
Ela cala porque sofre
de um amor que é tão diverso
que não cabe numa estrofe
mas se esconde em cada verso.
A palavra o vento leva
e o perfume que ela tem,
tem vivência mais longeva
e no vento vai e vem.
O que eu sinto vai no vento,
dá-te a ele e irás saber
de meu gozo e meu tormento,
minha sina e meu prazer.
Meu silêncio é teu impasse
no vazio que tu vês,
é palavra num disfarce
camuflada de nudez.
Dentro em mim ecoa um grito
que calado a mim engasga,
mas eu guardo sem ser dito;
liberado ele me rasga.
O meu sonho ensimesmado
é, assim, quebra-cabeça
que será só decifrado
por alguém que a ele mereça.
Até lá, ponho-me mudo,
não franqueio meu segredo.
Afinal, já disse tudo!
Meu silêncio é meu degredo.
OBED DE FARIA JUNIOR
Enviado por OBED DE FARIA JUNIOR em 12/11/2008
Alterado em 28/02/2011
