Sentimento Crônico

Cheio de prosa! Poesia, vide verso!

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       O pão nosso de cada dia

 
         Estava eu na fila em frente ao balcão da padaria para comprar pão; o que é quase óbvio! Passou-me pela cabeça comprar leite e manteiga também, mas nada disso teria sentido se não fosse pela irresistível necessidade de comer pão.

          Enquanto eu, mentalmente, tentava definir quantos pãezinhos seriam necessários para saciar meu fetiche alimentar – além de cogitar o acréscimo de alguns frios para contraporem-se aos pães quentes – notei a dificuldade dos balconistas para se especializarem na secular arte de servir pães.


          Uma velhinha, a frente dos demais, já ocupava o seu privilegiado lugar fazia alguns minutos, tentando explicar ao rapazote do outro lado do balcão qual o grau de bronzeamento específico dos pãezinhos que queria levar consigo.  Deveriam ser moreninhos, porém não tostados demais; crocantes, porém não duros e... sabe Deus mais o quê! 

          Na sequência, tomou seu lugar um pós-adolescente – que nada mais é que um rapazinho que já pensa que é homem – que lançou, então, toda a sua sapiência sobre a manufatura de pães.  Explicou que não queria pães com muito miolo, caso o cozimento da massa tivesse sido insuficiente, porém, que se a fornada tivesse saído no ponto ideal, quanto mais miolo, melhor!

          Pois bem! Vários pedidos depois – uns mais complexos, outros nem tanto – feitos pelos que me antecediam na fila, acabei por me instalar na condição de ser o próximo a pedir os pães. Àquela altura, eu já me sentia a besta das bestas, por não ter sequer algum rudimentar conceito do que fosse a intrincada ciência de escolher pães.


          Diante de minha flagrante ignorância, tal qual Maria Antonieta pouco antes da Queda da Bastilha, optei pelos brioches!  


                                             .oOo.                                     
Enviado por OBED DE FARIA JUNIOR em 13/11/2010




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