Sentimento Crônico

Cheio de prosa! Poesia, vide verso!

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       Chico Xavier; juro que vi!
 

          É chegado o momento em que se comemora o centenário do nascimento de Chico Xavier. Há, pelo Brasil afora, o lançamento de uma produção cinematográfica sobre sua vida, assinada por Daniel Filho. O roteiro foi baseado em obra biográfica de autoria de Marcel Souto Maior. Não assisti o filme, não li o livro mas, um certo dia, vi o Chico. Mas não tenho nada de fantástico ou sobrenatural para contar sobre aquele dia de pouco mais de duas décadas atrás.

          Eu o vi de longe, rodeado de gente que, como de costume, vinha em grande número de todas as partes em busca de consolo, conforto ou orientação. Fui lá para, pelas mãos de um amigo, conhecê-lo, porém abdiquei da oportunidade de lhe apertar a mão ou dar-lhe um abraço. Eu era só um admirador curioso e não me senti à vontade para tomar o tempo e lugar de qualquer um daqueles que realmente precisavam do socorro de um contato seu. Assisti-o atendendo às pessoas em busca de esperança, entregando mensagens aos aflitos e distribuindo víveres aos necessitados. Conheci de perto seu sorriso, sua meiguice e sua humildade. Para mim foi o que bastou.

          É bem verdade que ao longo desta minha vida, já li e reli quase tudo que ele tenha publicado enquanto obra psicografada. Mas nesse acervo literário há as mensagens dos espíritos. Através disso só se pode saber dele o grau vibratório que ostentava a ponto de alinhar-se com entidades tão sábias, caridosas e sublimes. Se há muitos que duvidam da existência de espíritos, da pluralidade de vidas e dos dons mediúnicos, isso tudo é irrelevante. Importante é tomar contato com as mensagens trazidas por Chico Xavier e ver que nelas há somente orientação para condutas e posturas que levam ao bem. Ou seja, pode-se duvidar de tudo, mas basta crer no bem; e nada mais!

          Vivemos num mundo cheio de ritos, rituais e sacerdotes, que se encastelam em templos suntuosos, trajados em suas vestes cheias de pompa, recitando repetidas ladainhas muitas vezes sem sentido prático. Afora isso, há os novos profetas que brotam em cada esquina e surgem a toda hora pelo rádio e pela tevê, brandindo palavras com o dedo em riste, sussurrando preces numa comoção artificial e coletando de quem pouco ou nada tem para arregimentar riquezas e fortunas nas mãos de alguns. Tanto aqueles como estes falam de um Deus que abomina, que repudia, que se vinga e que condena a infernos de tortura e sofrimento eternos. Falam e pregam o amor, mas ameaçam o tempo todo com um Deus que assusta porque vê pecado em tudo.

          Chico Xavier vivia modestamente e trabalhava numa edificação simples munida de estrutura espartana, mas que acolhia e inspirava a todos. Tudo que lhe chegava distribuía aos outros. Não falava de pecados, mas de erros cujo arrependimento era necessário e a reparação sempre possível. Propagou com brandura e mansidão a mensagem de um Deus bom, que conforta, que acolhe, que orienta, que apóia e que sempre dá aos filhos a chance eterna de se redimirem. Por isso, Chico não gritava ameaças, mas espalhava esperanças.

          O principal ensinamento de Chico Xavier foi dar o exemplo de que é possível viver e agir de forma coerente com aquilo de bom que a fé inspira. E ser manso. E ser solidário. E ser pacífico. E ser feliz por ter sempre esperança a despeito de qualquer coisa. Eu passei a crer nisso porque vi. 

          Não assisti o filme e não li o livro, mas juro que vi! 

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N.A.:  Em dois trechos desse texto faço menção a: "não assisti o filme".  Pois bem!  Assistir, no sentido de ver, observar, presenciar é verbo intransitivo e não prescinde da preposição "a". Assistir, no sentido de prestar auxílio, socorrer é verbo transitivo direto e, portanto, não há a preposição.  Dito isso, tem-se que o correto, observando a norma culta de nossa língua, seria: "não assisti AO filme". É bem verdade que eu poderia, agora, dizer que preferi utilizar uma versão informal, típica da oralidade.  Quiçá invocar, até, algum tipo de "liberdade poética".  Entretanto, apesar de tudo isso poder, de fato, ser alguma circunstância atenunante, jamais fiz nenhuma opção deliberada que assumisse algum desses sentidos.  Trocando em miúdos, errei mesmo!  Como gosto de aprender o que ainda não sei e relembrar o que deveria saber exatamente nos ensejos que me dão os tropeços que cometo, preferi dividir tal experiência com os leitores.  Espero que isso seja útil a todos nós!

 

Enviado por OBED DE FARIA JUNIOR em 02/04/2010




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