Sentimento Crônico

Cheio de prosa! Poesia, vide verso!

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Há de ser entardecer 
 
          Setembro está em seu final e, nesta sua última sexta-feira, faz dias que oficialmente a primavera já tomou posse do naco de tempo que lhe cabe na alternância das estações. Mas, este ano, ainda não legitimei a primavera,  porque esta que ronda por aí é uma impostora. Chuvisca, venta e faz frio! Isso é lá primavera que se apresente?

          Cheguei há pouco da rua. Lá fora as pessoas andavam encolhidas dentro de suas blusas e franzindo o cenho para o desaforo do vento gelado que lhes dava na cara. Seja lá o que eu tenha ido fazer, fiz correndo, porque ansiava por voltar logo para me esconder o quanto pudesse do frio.


          Nessas circunstâncias, este fim de tarde acabou se mostrando um tanto quanto melancólico. O entardecer não me pareceu nada poético, ao contrário, estava com jeito de má travessura do dia, que cheio de birra sob o céu cinzento, simplesmente deu as costas e foi-se embora. 


          Até poderia buscar algum conforto com a idéia de que a noite estaria prestes a chegar. Mas, se dei graças por ver este dia pelas costas, não posso dizer que melhor sorte me assiste em face da noite, porque ela não veio de frente; desconfiada, chegou de lado. Ela também não está muito à vontade com esta primavera embusteira.


          Todavia, já se faz tarde. E a tarde chegou mais cedo. E em sendo tarde há de ser entardecer. Eu anoiteço!


                                             .oOo.                                    
Enviado por OBED DE FARIA JUNIOR em 25/09/2009




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