Sentimento Crônico

Cheio de prosa! Poesia, vide verso!

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Nós em mim
 
          Às vezes, vejo luzes no fim do túnel e até me animo.  Entretanto, quando noto que estou olhando para cima, percebo estar, na verdade, no fundo do poço. Outras vezes, me encho de coragem, estufo o peito e resolvo que é hora de dar um passo adiante.  Contudo, quando pressinto a vertigem, noto estar, na verdade, na beira do abismo.

          Ando meio entojado de mim. O que outrora já foi original em minhas idéias agora é uma esquizofrênica cantilena de mesmices.  O maldito espelho continua me ofendendo com suas verdades indisfarçáveis.  O travesseiro, conselheiro fiel de anos e anos, mostrou-se um tratante de marca maior, porque durante o dia ele assiste em silêncio o resultado dos tropeços a que me induziu durante a noite.


          Há muito por desatar, porém é desestimulante a vastidão de nós em mim.  Eu e eu disputando espaço enquanto eu, impassível, não aparto nem dou a luta por encerrada.  Muitos eus! 


          Ainda é preciso desintoxicar alguns resíduos que persistem em contaminar minha vida. Sobram muitos eles indiferentes, há uma invasão de elas ausentes; faltam vocês demais... Vós sem voz! 


          Estou farto de nós em mim!

                                            .oOo.                                   

Enviado por OBED DE FARIA JUNIOR em 13/09/2009




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