Sentimento Crônico

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Michael Jackson – o mito
 

          Na época em que John Lennon declarou que os Beatles eram mais conhecidos que Jesus Cristo não se poderia imaginar que as derradeiras décadas do Século XX assistiriam ao fenômeno que foi o popstar Michael Jackson. Gênio criativo lançou modas e impressionou o mundo com as marcas sempre recordistas de suas produções artísticas; ele que foi – até aqui – o maior vendedor de discos de toda história.

          Se em outras épocas os ídolos marcaram suas imagens calcados na rebeldia e na quebra de valores, tal como Elvis Presley e os próprios Beatles, Michael Jackson fez-se um mito, um verdadeiro ícone, pautado pela bizarrice.


          É inegável que quase sempre espíritos extremamente criativos resguardam em si uma proporcional dose de loucura. Com Michael Jackson não foi diferente. Contudo, da mesma forma, o contraste entre o homem e o personagem que ele ostentava aprofundou cada vez mais o aparente abismo onde sua sofredora consciência se afundou.


          Primeiramente, perdeu-se nas intrincadas armadilhas que as cifras milionárias colocam no encalço de todos aqueles que ascendem à riqueza de forma quase mirabolante. Na esteira disso, corrompeu sua própria imagem, não pela mera preocupação cosmética com sua aparência, mas subvertendo totalmente sua etnia e a cronologia de sua estampa. Figura andrógena, frequentou as manchetes em mais de uma oportunidade sob acusação de pederastia.


          Entretanto, sem dúvida, o legado artístico de Michael Jackson deixou marcas indeléveis na história da cultura humana e certamente sua impressionante legião de fãs se fará notar ainda por algumas décadas. 


          Os amantes de Elvis juram, até hoje, que ele não morreu. Os Beatles não deixaram dúvida de que terminaram, jogando uma pá de cal sobre sua influência, ao soar da frase de que “o sonho acabou”. E Michael Jackson? Ele incorporou tantos e tantos personagens ao longo da metamorfose humana que encarnou que difícil é, até, dizer qual será a imagem que poderá retratá-lo de forma definitiva.


          Michael Jackson, o mito, morreu há poucos dias. O homem que ele poderia ter sido, ao que parece, jamais chegou a existir porque ficou soterrado na avalanche de bizarrices que ele próprio construiu para esconder-se de seus infortúnios pessoais.



Enviado por OBED DE FARIA JUNIOR em 29/06/2009




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