Sentimento Crônico

Cheio de prosa! Poesia, vide verso!

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Poesia e Internet



          O mercado editorial não apresenta espaço, atualmente, para poesia. O fato é que livros de poemas não são produtos viáveis porque, tendo uma procura muito baixa, isso não proporciona o que se chama "ganho de escala" (mal explicando, o custo de qualquer mercadoria é tão mais baixo quanto seja maior a quantidade que se produza). Entretanto, por que a Internet está cheia de gente que se dedica com maior interesse pela poesia? Ah! Para isso eu tenho minha própria tese. 
 
          Fazer poemas, hoje em dia, é válvula de escape para estresse, meio de terapia para depressão, forma de expressar o "eu interior" para quem busca a iluminação, e por aí vai. Qualquer oficina cultural mambembe promove cursos sobre "como fazer poesia". Regras básicas: escreva pouco, utilize frases curtas, fale somente o essencial, "o que importa é o que você sente!". 
 
          Assim, não se perca de vista que a maioria dos “poetas internautas” não tem nenhuma pretensão literária. No mais das vezes, somente querem "pôr os sentimentos pra fora". E...? E seja o que Deus quiser! Danem-se a qualidade, a semântica ou qualquer regra, por mínima que seja, porque a intenção é "pôr-se à vontade" e não criar mais um complicador estressante. 
 
          Talvez, por isso ninguém "compre" poesia. Porque o leitor quer algo que lhe sirva de entretenimento e não ficar depurando as neuras dos “neopoetas” que querem, porque querem, ter seus egos massageados. 
 
          Há um último fator que penso que interfira na preferência pela poesia na Internet. O “leitor internauta” é uma contrapartida equivalente ao “poeta internauta” no que tange à sua pouca afinidade com algum senso literário. Dando mais relevância à forma que ao conteúdo, ele prefere telas que corram rápidas e letras que saltem coloridas no contexto de uma parafernália de multimídia. Ele tem pressa e, quase sempre, NÃO GOSTA DE LER, GOSTA DE VER!!! 
 
          Talvez, haja exagero. Contudo, quantos internautas que se consideram apaixonados pela poesia teriam a paciência de ler, ao menos, as primeiras estrofes de Navio Negreiro, ou dos Lusíadas ou da Divina Comédia? São poemas, também! Não estou aqui desmerecendo os internautas - nem poderia, porque sou um também e daqueles bem viciadinhos! Apenas estou inferindo que a publicação em papel é destinada a um público diferente que pode dispensar um computador. 
 
          De qualquer forma, tudo a seu modo é literatura, mas dificilmente é possível transpor um mesmo texto de uma mídia para outra com resultados semelhantes. 
 
          Digitar ou escrever, portanto, nem sempre são a mesma coisa!
Enviado por OBED DE FARIA JUNIOR em 09/06/2009




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