Sentimento Crônico

Cheio de prosa! Poesia, vide verso!

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Ressurreição
 

          No curso da chamada “Semana Santa” relembra-se a Paixão de Cristo e, assim, reafirmam-se dogmas da cristandade, notadamente, o da ressurreição.  Não cairei na esparrela de discutir ou enfrentar dogmas religiosos, até porque quem os aceita não está sujeito ao convencimento a partir de argumentos – lógicos ou não; razoáveis ou não. Dogmas são dogmas – e ponto! E ai de quem for de encontro a eles no meio da esmagadora maioria de créus.


          Afinal, estima-se que um terço da humanidade professe – ou alegue professar – a fé cristã.  Aliás, eu mesmo assim o faço, apesar de sérias ressalvas quanto a formas e ritos – sejam eles quais forem. Fui criado e educado no seio de uma cultura cristã e, assim, é natural que dela eu tenha absorvido preceitos básicos de pensamento, julgamento e conduta.  


          Não vem ao caso o que penso sobre a Bíblia ou sobre a autenticidade histórica da existência de Jesus. Importa, sim, que as bases da doutrina cristã fazem parte de minha formação e de minhas crenças – ao menos naquilo em que consegui absorvê-las após o implacável crivo de meu refratário senso crítico.


          Vários são os enfoques e acepções que se atribuem à ressurreição de Jesus Cristo e não sou eu a pessoa mais indicada para discorrer sobre eles – até porque isso mais causaria polêmica que qualquer outra coisa; e não é esse meu interesse neste instante.


          Particularmente para mim a simbologia e o aprendizado que imagino serem relevantes quanto a tal passagem do Novo Testamento é algo singelo na propositura e de relativa complexidade em sua aplicação prática.


          Entendo que a indicação evidente que tal passagem bíblica nos aponta é que para que haja uma vida, digamos assim, espiritual mais consequente, é necessário que sejam sacrificados aspectos verdadeiramente nocivos da vida comezinha e que isso nos provoque a nascer de novo de uma forma mais sublime.   


          O “reino dos céus” – penso eu – está ao alcance de todos nós, desde já, mesmo que de forma parcial e relativa, bastando para isso que deixemos morrer a parte daninha de nossas idiossincrasias terrenas para que possamos ressuscitar em novas condutas que se pautem em valores morais e éticos mais depurados. Sem esse sacrifício do que é verdadeiramente nocivo em nossas características terrenas não é possível dar lugar para esse ressurgimento espiritual.


     Afinal, como diz a sabedoria ancestral, cada um de nós carrega sua própria cruz. Cabe a cada um de nós, também, saber como fazer de seu calvário particular um rito de passagem para uma verdadeira ressurreição que nos aprimore espiritualmente.

Enviado por OBED DE FARIA JUNIOR em 09/04/2009




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