Sentimento Crônico

Cheio de prosa! Poesia, vide verso!

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Porque os homens urinam de pé
 

     É meio complicado falar de alguns assuntos sem valer-se de determinados termos tidos como “chulos”. Contudo, para que não se diga que não há um mínimo de respeito às almas mais sensíveis, que fique registrado que, aqui, o verbo “urinar” é um substituto eufemístico para ... Bom! Todo mundo sabe!


     Pois bem! Homem que é homem, não faz xixi, ele... “urina”, “tira a água do joelho”, ou qualquer outra coisa, mas xixi é uma forma de tornar meigo um ato que, em si, é privado de qualquer tipo de emoção ou sensibilidade. A bexiga fica cheia; o ato se precipita! Só isso! Pra que ficar adocicando a tosca imagem de se livrar desses resíduos líquidos?


     Existe um enigma que, vira e mexe, algumas pessoas – entenda-se, “mulheres” – trazem à pauta de discussão e reflexão. Qual seja, porque os homens insistem em fazer isso de pé. Sem maiores delongas vou direto à conclusão lógica que jamais deveria escapar a ninguém: um homem faz isso de pé porque... Porque ele pode, oras!!!


     Quando isso é feito por aí, à beira de uma estrada, atrás de um poste, ou coisa que o valha, os únicos problemas que o cidadão precisa atentar são manter um mínimo de discrição, para que não se diga que há algum atentado violento ao pudor e, também, ajustar a alça de mira para que o disparo vá o mais longe possível, de forma a não respingar em calçados e vestimentas. Mas isso só serve para situações extremas.  O ideal é procurar um banheiro.


     Já, quando isso é feito num ambiente com mais recursos de civilização, sempre haverá por perto um vaso sanitário e, como é sabido por todos, acertar aquele alvo minúsculo é algo que desafia a pontaria de qualquer um. Pode parecer que não, mas é! A pontaria do instrumento é, por natureza, estrábica. Nunca vi nenhum estudo científico sobre o assunto, mas acho que é alguma herança ancestral de nossa gênese animal, que visava demarcar território no maior raio possível. Ou seja, errar o alvo não é algo “voluntário”. Acontece naturalmente.


     Esse ato banal é algo que faz parte da formação masculina, reforça a auto-estima, porque, enfim, é um tipo de disparo, que remonta aos esteriótipos dos guerreiros e caçadores. Além do que, isso tudo tem um apelo lúdico ao ver-se o jato jorrando e o som da água se ebulindo diante do ataque.


     Portanto, homem que é homem urina de pé! E ponto!


     Entretanto... – e há sempre um “entretanto” – as conseqüências disso acabam ficando evidentes, já que há respingos no assento – que, eventualmente, será utilizado por quem não pode fazer isso de outra forma que não “sentado”. E, quando acerta o piso em volta, o cheiro fica insuportável.


     Daí vem a necessidade do “homem que é homem” ajustar suas posturas e, mesmo sem renegar seu instinto ancestral, demonstrar que seu intelecto e raciocínio estão em plena evolução e, assim, apresentar alguma atitude de respeito pelos outros. Por questão de educação e de asseio, a coisa certa a fazer é muito simples: sujou, limpou!


     Dessa forma, ele será realmente um homem mais completo, porque, senão, melhor que faça sentado. Atitudes bizarras e animalescas não podem ter regalias sobre os interesses humanos.


     Agora, vou ali, que estou apertado!

 

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Nota do Autor: Texto inspirado numa crônica de Simone Mottola, muito boa de se ler. Vá lá e confira: DEZ COISAS QUE ODEIO EM VOCÊ

Enviado por OBED DE FARIA JUNIOR em 20/03/2009




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